Reunião do Copom: Junho de 2024

Em linha com as expectativas do mercado, o Copom manteve a taxa Selic em 10,50% a.a.

Análise: Em seu diagnóstico, o Copom manteve a leitura sobre as incertezas quanto à redução dos juros nos Estados Unidos e o impacto desta decisão na velocidade da queda dos juros ao redor do globo. Já no cenário doméstico, o Comitê destaca que as medidas de inflação subjacente seguem acima da meta de inflação (como apresentado neste blog, a inflação de serviços subjacentes atingiu 4,78% no IPCA de maio).

No que tange às projeções, o Copom atualizou sua premissa de câmbio de 5,15 para 5,30 (R$/US$). No cenário usual, considerando a trajetória da Selic do boletim Focus (9,50% ao término de 2025), a inflação atinge 4,0% no final do próximo ano. Já em um cenário alternativo, considerando a manutenção do juro no atual patamar, a inflação atinge 3,1%.

Não houve mudanças no cenário de risco para a inflação do Copom, mas o Comitê enfatiza que monitora com atenção os efeitos da política fiscal na política monetária e nos ativos financeiros (este último, uma novidade diante da reunião anterior).

Após comunicar a manutenção da taxa, o Comitê deixa uma mensagem Hawkish, enfatizando que houve “ampliação da desancoragem das expectativas de inflação”, o que interrompe o ciclo de corte de juros, e que manterá a Selic contracionista “por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas”.

Opinião: O Copom deixou explícito que interrompeu o ciclo de corte de juros e, ao apresentar o resultado de suas projeções, responde às recentes críticas sofridas, que suas decisões supostamente não seriam técnicas e independentes. Ao longo do comunicado, observamos duras críticas à condução da política fiscal e seus impactos sobre o câmbio (“ativos financeiros”) e nas expectativas de inflação.

É provável que tenha sido um dos comunicados mais “Hawkish” de todo o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, mas a decisão unânime sugere que Gabriel Galípollo, suposto sucessor de RCN, estará comprometido em perseguir a meta de inflação. Resta a saber como esse alinhamento à RCN será “digerido” pelo Presidente da República. Se GG perde pontos com Lula, ainda não sabemos, mas certamente a decisão unânime agradará ao mercado.

Nossa expectativa para os próximos dias é que o prêmio embutido na curva do DI1 recue e desloque os vértices médios para baixo.

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