Reunião do Copom: Julho de 2024

Em linha com as expectativas do mercado, o Copom manteve a taxa Selic em 10,50% a.a.

Análise: Em seu diagnóstico, o Copom manteve a leitura sobre as incertezas quanto à redução dos juros nos Estados Unidos e o impacto da inflação e atividade econômica ao redor do globo. Já no cenário doméstico, o Comitê destaca que as medidas de inflação subjacente seguem acima da meta de inflação.

No que tange às projeções, o Copom apresenta suas dados para seis trimestres à frente (de acordo com o novo decreto das metas de inflação) e atualizou sua premissa de câmbio de 5,30 para 5,55 (R$/US$). No cenário usual, considerando a trajetória da Selic do boletim Focus (10,50% ao término de 2024 e 9,50%, de 2025), a inflação atinge 3,4% no horizonte relevante (1T26). Já em um cenário alternativo, considerando a manutenção do juro no atual patamar, a inflação atinge 3,2%.

O Comitê adicionou um novo fator para o cenário de risco inflacionário, tornando o balanço de riscos assimétrico para elevação de juros:


Opinião: Com este comunicado, o Copom inicia um novo ciclo para a política monetária brasileira: o ciclo de monitoramento.

A mensagem poderia ter sido mais hawkish se o horizonte relevante tivesse sido mantido em dezembro de 2025. Neste caso, a inflação esperada já se situa próxima de 4,00% a.a., acima da meta de 3,00%. Ao manter o resultado de suas projeções no cenário alternativo (com a Selic constante ao longo do horizonte relevante), o Comitê sugere que não vislumbra novos cortes e, ao tornar o balanço de riscos assimétrico (principalmente pela alusão ao câmbio), inicia-se a discussão para possíveis elevações nas taxas de juros.

Em nossa opinião, os próximos movimentos do câmbio ditarão os passos do Comitê. Se o dólar sofrer pressão de apreciação (seja por falta de credibilidade fiscal ou assincronia da política monetária nos países desenvolvidos), isso pressionará as expectativas de inflação, e o Copom sugere que pode aumentar a Selic. Por outro lado, se o dólar depreciar, tudo o mais constante, o Comitê deve manter os juros no patamar atual.

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